As principais personagens são:
• Truman Burbank (Jim Carrey)
• Christof (Ed Harris)
• Meryl (Laura Linney)
• Marlon (Noah Emmerich)
• Lauren Garland / Sylvia (Natascha McElhone)
• Mãe de Truman (Holland Taylor)
• Pai de Truman (Brian Delate)
• Lawrence (Peter Krause)
• Vivien (Heidi Schanz)
• Ron (Ron Taylor)
• Don (Don Taylor)
• Diretor da Sala de Controle (Paul Giamatti)
• Executivo (Philip Baker Hall)
A trama gira em torno da Truman Burbank, uma pessoa que nasceu, cresceu e vive num reality show: onde câmeras acompanham a sua vida durante as 24 horas do dia. A cidade onde vive é cenográfica, as pessoas com as quais convive são atores e atrizes, ele, porém, desconhece toda essa dinâmica, não tem a menor idéia de que é a estrela de um programa de TV.
Truman é um pacato corretor de seguros, casado, vive uma vida tranqüila e rotineira: toma cervejas com um amigo de infância, compra revistas para a esposa, cumprimenta os seus vivinhos sempre da mesma forma: “caso não os veja de novo, tenham uma boa tarde e uma boa noite”; enfim, tem uma existência sem maiores sobressaltos. Nunca saiu de sua cidade (que ele imagina ser uma cidade, mas que, na verdade, é uma grande redoma onde tudo é artificial: o dia, a noite, o mar, a chuva, etc.). Para impedir que Truman tivesse ímpetos de deixar a “cidade”, foi planejado pelo diretor da série a simulação de um acidente marítimo que teria tirado a vida do pai de Truman. Dessa maneira, ele teria receio de utilizar um barco para velejar e, conseqüentemente, esbarrar com as delimitações do estúdio.
O reality é amplamente assistido, muitas pessoas acompanham o programa durante 30 anos ininterruptos. Algumas dessas pessoas têm verdadeira compulsão por ele, discutem o show, se emocionam, consomem produtos da série, se envolvem realmente com a personagem, porém, sem ter uma visão crítica sobre a situação de uma pessoa cuja vida é uma farsa motivada apenas por questões de lucro, audiência, marketing.
Porém, um dia as coisas saíram do controle estrito que o criador do programa – Christof – detinha: o ator que fez a personagem do pai de Truman resolve voltar à cidade-estúdio para se promover num show de grande audiência. O pessoal da produção se dá conta disso e tenta retirar o ator do estúdio, porém, Truman acaba vendo o “pai” que estava morto havia muitos anos. No frenesi de chegar perto dele, acaba entrando num prédio onde não costumava entrar naquele horário e encontra uma equipe de produção almoçando por trás dos cenários. A partir desse episódio, uma série de acontecimentos, como a queda de um holofote do “céu”, fazem com que Truman vá se dando conta de as coisas à sua volta não são bem aquilo que aparentam ser.
Além disso, uma atriz (Sylvia) entra para o show e decide tentar alertar Truman para a sua condição de “cobaia” de um reality show, mas é expulsa do programa. Mas, desde a sua saída de seu convívio, Truman amadurece um desejo de reencontrá-la, e lhes são despertados também o desejo de viajar, de conhecer outros lugares. A situação vai num crescendo até que Truman finalmente domina os seus medos e resolve velejar para encontrar Sylvia e, de uma certa maneira, a sua liberdade. Enfrenta uma tempestade terrível (criada pela produção do programa) e chega ao final encontrando uma parede, o limite do estúdio. Finalmente, Christof, seu “criador” trava com ele um breve diálogo acompanhado com sofreguidão por milhares de telespectadores que esperam pelo desfecho do confronto: irá Truman sair da vida que conhece para enfrentar o mundo lá fora ou se dobrará à vontade da mídia? Entrtanto, Truman não cede à tentativa de persuasão do diretor e se despede dele – e, simbolicamente, de todo o público – com uma reverência e o seu popular jargão: “Caso não os veja de novo, tenham uma boa tarde e uma boa noite!”, levando ao frenesi todos aqueles que assistiam àquele capítulo.
Esse filme traz uma mensagem bastante significativa sobre o poder exercido pelos meios de comunicação de massa, em especial a televisão, e os perigos da manipulação aí implícita. O enredo mostra até que ponto poderia chegar um grupo de pessoas em favor de interesses econômicos tais como a audiência de uma emissora, a venda de produtos, ou mesmo a manutenção da vaidade de um produtor de TV que, para ser original, chega ao cúmulo de “criar” uma personagem de TV privando um ser humano de uma vida normal, exibindo-o como um animal de circo totalmente à sua revelia.
É também interessante analisar a história pelo ângulo do telespectador que, embora saiba da condição de Truman, não faz uma crítica moral dessa situação: ninguém se mobiliza para intervir na farsa, para livrar o homem da manipulação total de sua vida. Os telespectadores consomem os produtos do programa, acompanham seus capítulos avidamente, porém, não vêem Truman como um par, e sim como uma marionete cuja existência tem como único propósito o seu entretenimento.
Se analisarmos com frieza, chegaremos à conclusão de que é exatamente isso mesmo o que acontece: em maior ou menor escala, nos alimentamos das mazelas alheias, consumimos imagens de tiroteios, discutimos casos como o da “menina Isabela”, ou do “maníaco do parque” e tantos outros acontecimentos que a mídia tão avidamente lança para dentro de nossas casas e nós, tão avidamente quanto, permitimos essa entrada porque queremos saber, ver, espiar.
Mas, enquanto isso, nós avaliamos realmente às custas do que aquelas imagens estão sendo incessantemente repetidas? Avaliamos até que ponto vai o sofrimento das pessoas cujas vidas foram irremediavelmente afetadas por aqueles acontecimentos que, para nós, serão esquecidos assim que a próxima imagem sensacionalista ocupar a telinha da nossa TV? Provavelmente, não.
Como diriam os americanos: “Sad, but true”.
NOTAS:
1. Esta resenha foi apresentada à disciplina Tecnologias Contemporâneas na Escola-3.
2. Todas as imagens do filme foram retiradas do site: www.thetrumanshow.com
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