Estamos tendo uma discussão sobre o PPP - Projeto político-pedagógico do nosso curso. Além dele, estamos analisando um documento do MEC: Orientações Curriculares para o Ensino Médio (disponível em: http://www.mec.gov.br/).
Ambos são documentos interessantes, pois foram concebidos para contemplar todos os aspectos do ensino da arte no Brasil contemporâneo e da formação básica dos arte-educadores, que serão os responsáveis pela difusão e melhoria da qualidade do ensino de arte no país. Porém, guardadas as devidas proporções, quanto do exposto, em ambos os documentos, poderá ser realmente implementado, tal qual concebido teoricamente?
A grande maioria das escolas públicas está em condições deploráveis. Não há recursos, não há incentivo de parte alguma, muitas vezes, existe apenas o idealismo do educador, que passa por cima de todas as dificuldades, fazendo do nada o tudo, para manter uma escola em funcionamento. São escolas de lata, feitas de taipa, com paredes de isopor, e até sem paredes. Nessas condições, é factível a proposta do OCEM?
E quanto ao nosso currículo específico, de Licenciatura em Artes Visuais, a UnB/UAB conseguirá cumprir fielmente com as proposições feitas no PPP? Isso só será respondido no decorrer dos próximos 4 anos e, quanto ao ensino público, cada um de nós também terá uma resposta.
Saindo um pouco da discussão conceitual, e focando nos aspectos práticos, desde já, percebo que algumas coisas não estão acontecendo como o previsto no PPP: por exemplo, na página 8 (item 2.4.4. - Descrição do material do curso) menciona-se uma série de materiais e recursos muito interessantes. O trecho diz que “(...) um conjunto de materiais será remetido aos alunos por correio, com alguns dias de antecedência ao previsto para o início de cada módulo”. Esse conjunto seria composto, entre outras coisas, de:
Guia de estudo: orientações específicas para o estudo e as atividades do aluno no módulo;
Caderno de atividades do aluno: atividades, exercícios individuais e em grupo, especificando quais tarefas devem ser enviadas aos tutores para acompanhamento e avaliação;
CD-ROM com material adicional e facilidades de conexão.
Cadê? Nós, aqui de casa, não recebemos nada! E são materiais extremamente necessários, pois sinto que, às vezes, nós, alunos, ficamos meio perdidos nas atividades (prazos, forma de envio, etc.). Também não existe o tal “reminder de tarefas” a serem feitas, como mencionado no PPP (p. 10), ferramenta que facilitaria em muito o nosso acompanhamento de elaboração e entrega de tarefas, participação nos fóruns, etc.
O volume de trabalhos é muito grande, são três disciplinas distintas, cada uma com a sua demanda específica, portanto, é natural que fiquemos meio perdidos no meio de tanta informação. Outro fator que dificulta é o de ainda não estarmos totalmente familiarizados com a plataforma Moodle, pelo menos a maioria não está, pelos comentários que lemos nos fóruns. Eu mesma já falei aqui no meu Diário de Bordo do WIKI, que, se teoricamente é uma ferramenta ótima, na prática a sua interface é tudo, menos amigável! E olha que eu sou uma “fuçadora” de mão cheia - gosto de computadores e entendo de informática, mas, mesmo assim, muitas vezes apanho do Moodle. Imagino quem não tem muita intimidade com informática, então! Deve estar mais perdido que “cachorro em dia de mudança”... (rs).
Não quero ser a “chata de plantão”, só levantei esses pontos para demonstrar que, como dizem, “o papel aceita tudo”, ou seja: na teoria, a coisa funciona de um jeito e, na prática, a dinâmica é outra, por mais que se tenha boa-vontade, às vezes, o que era viável no planejamento não é factível na execução.
Claro que também existe um preço a se pagar pelo pioneirismo. A experiência de EaD é relativamente nova no Brasil, ainda está, por assim dizer, em estágio embrionário. Várias adequações terão de ser feitas e, quase sempre, é só no dia a dia que a necessidade de alterações de percurso se apresenta. É humanamente impossível se prever todas as variáveis porque elas são exatamente isso: variáveis. Fatores que escapam ao controle.
Por isso, não estou aqui apenas para criticar, até porque uma crítica nem sempre é algo desfavorável, como as pessoas tendem a encarar. Pode ser muito construtiva, também. Especialmente se não for uma crítica vazia.
Afinal de contas, eu estou aqui, cursando licenciatura em Artes Visuais na UnB, uma das melhores instituições de ensino superior do país, gratuitamente, algo que até a bem pouco tempo me parecia impossível. Por isso, eu aplaudo o projeto, com seus “prós e contras”, porque, se não é perfeito, a simples iniciativa de se fomentar a UAB já se constitui num passo gigantesco para a melhoria do ensino no Brasil.
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