quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Minha visão sobre a disciplina EEAD



Essa disciplina, Estratégias de Ensino e Aprendizagem a Distância, visa nesse momento inicial do curso nos instrumentalizar com ferramentas que possam facilitar o cotidiano de estudos e, principalmente evitar a evasão, pois, se a evasão é grande num curso presencial, essa tendência aumenta num curso a distância. Isso porque se trata de uma modalidade (EaD) que requer muita disciplina e, temos de levar em consideração que a “sala de aula” se transfere para as nossas casas, onde o risco de interferências é bem maior. Assim, são vários os fatores que podem acabar contribuindo para a evasão.

Até o momento, já foram levantados diversos assuntos, cada um deles abordando um aspecto da EaD: diagnóstico das condições externas, cultura da EaD, o aluno da EaD, o estudo na EaD e, a organização do estudo à distância e, agora, na unidade 6, as dificuldades e estratégias para a melhoria do estudo e da aprendizagem. Acho muito válida essa preocupação da UnB, principalmente porque tais discussões e reflexões servirão não apenas para os alunos, mas para dar mais subsídios à instituição, a fim de que ela possa melhorar processos para as próximas turmas, etc, garantindo assim a perenidade do projeto UAB.

Porém, apesar de reconhecer a validade da iniciativa, vou ser muito sincera: tenho dificuldade com certas abordagens dessa disciplina. Isso principalmente por dois motivos: porque as propostas, muitas vezes, têm um aspecto estritamente emocional, e eu sou uma pessoa bastante pragmática. Segundo porque as atividades são extremamente repetitivas. É mais ou menos trocar 6 por meia-dúzia: as perguntas são perecidíssimas, os exercícios idem. É chato quando um assunto já foi mais do que debatido e, mudando uma vírgula aqui e um ponto ali, o mesmo assunto volta à baila na semana seguinte. Desestimulante.

Quanto ao aspecto emocional das propostas, eu acredito, sim, que fatores emocionais possam interferir grandemente em todos os outros aspectos de nossas vidas, eu mesma estou passando por um momento de muita dificuldade que, várias vezes, acaba me atrapalhando: quando me deprimo, por conta desses problemas que tenho enfrentado, perco a concentração e a motivação. Mas, ainda assim, tenho muita dificuldade em executar algumas das propostas desta disciplina, especialmente aquelas que contém um claro viés de auto-ajuda.

Putz, auto-ajuda, para mim, não funciona mesmo! Me irrita profundamente, essa coisa de que a “felicidade está bem diante de você, basta estender a mão, etc...”, “querer é poder”, blá, blá, blá, todo esse lance Roberto Shiniashik, enfim, não dá! Que me desculpem os entusiastas dessa abordagem, mas, comigo, não rola.

Quem, em sã consciência, fica se sabotando? Quem não quer pegar a bendita “realização pessoal” nas mãos, já que ela está assim tão acessível, e viver com ela, felizes para todo o sempre? Eu, pelo menos, não tenho nada de masoquista; se as coisas comigo não estão bem, é porque realmente não estão bem e por motivos bem palpáveis, não é “coisa da minha cabeça”. Se não, vejamos: não tenho um emprego há mais de um ano, por isso, estou sem grana, estando sem grana, as contas vão se acumulando, se as contas se acumulam, eu fico nervosa, se fico nervosa, meus relacionamentos afetivos ficam abalados, se estão abalados, fico infeliz e deprimida, e por aí vai... Cada coisa que acontece na minha vida - e na de todo mundo - tem um motivo (real) e uma implicação (real). Portanto, por mais místico (ou cômodo) que seja, simplesmente não dá para dizer que tudo isso é porque eu não estou em “comunhão com o meu ‘eu’ interior” ou “aberta para o cosmos” para que o “universo possa conspirar a meu favor”. Ah, por favor, me poupem!

Bom, depois desse arroubo, vamos voltar ao que interessa: à discussão sobre a disciplina. Como exemplo dessa abordagem com um forte viés de “auto-ajuda”, eu posso citar a proposta de criação do “Diário Criativo”. Resumidamente, trata-se de um exercício onde devemos responder algumas perguntas desencadeadoras de reflexão para nos ajudar a prestar atenção aos altos e baixos emocionais, conhecer o impacto que os acontecimentos têm no nosso universo subjetivo, de forma a descobrirmos como esse universo impacta nos nossos estudos. As perguntas são do tipo:

1) Qual foi a dor que te curou mais?
2) Como eram as circunstancias nas quais você esteve mais perigosamente vivo?
3) Faça um ritual caseiro no qual você se compromete a atrair mais bênçãos para a sua vida.

Etc.

O Diário criativo não precisa necessariamente ser compartilhado com os tutores ou colegas, trata-se de um exercício confidencial, a fim de não causar nenhum tipo de constrangimento, o que eu acho bem legal. Nem sempre estamos dispostos a expor nossas fraquezas em praça pública, não é mesmo? Entretanto, ainda que ache extremamente válido, eu não o fiz, pois, para mim, a elaboração do Diário Criativo não teria o efeito desejado.

Como não precisamos mostrá-lo a ninguém, mas, temos de relatar no fórum específico (Metodologia do Diário Criativo) as nossas impressões a respeito de sua elaboração e metodologia, fui bastante franca a respeito, mesmo sob o risco de parecer pedante. Fiz isso porque não acredito em meias-verdades. Porque estamos num curso superior e não faria o menor sentido “enganar” minha tutora escrevendo um monte de “lero-lero” apenas para fazer uma “linha”.

Abro um parêntesis aqui para explicar que, de forma alguma, quero desmerecer a proposta do Diário Criativo, ou os colegas que a adotaram, pelo amor de Deus! Eu apenas quis ser verdadeira no que concerne a mim, por isso, expliquei o seguinte, no fórum que eu acho que esse exercício pode contribuir muito, no sentido de fazer com que haja uma reflexão sobre as barreiras que podem ser criadas por nós mesmos, em conseqüência de um emocional abalado, por exemplo.

Porém, para ser absolutamente honesta, que eu não sabia se estava pronta para ele... e acho que essa reflexão só seria válida se fosse feita com seriedade e comprometimento, e não apenas para ‘cumprir tabela’, por assim dizer, até porque, não faria o menor sentido: as respostas são confidenciais e não dá para enganar a si próprio, não é mesmo?.

Pois bem, agora me encontro em situação parecida, com outra proposta: fomos convidados pela tutora da disciplina a fazer um exercício sobre a gestão do nosso tempo, a fim de investigar de que forma os alunos podem reestruturar suas atividades a fim de acomodar os seus horários de estudos.

Bem, isso envolve alguns passos, a saber:

1. Descreva em uma lista um plano para as suas atividades diárias, desde a hora que você acorda até a hora que você deita, coloque dentro de um envelope lacrado e guarde na gaveta;
2. Descreva em uma lista suas atividades rotineiras, no tempo real que elas tomam para serem feitas;
3. Descreva a partir de uma observação mais precisa o que você faz de fato no decorrer de seu dia;
4. Abra o envelope, olhe a sua lista Ideal do uso do tempo. Abra a segunda lista, olhe com bastante atenção e compare as duas listas;
5. Descreva suas estratégias para otimizar o uso do seu tempo no seu Diário de Bordo;
6. Montar, baseando-se no texto “Como Montar seu quadro horário”, um plano de estudo ideal para você.
7. Tentar seguí-lo e ir relatando os reajustes que você está fazendo entre o plano ideal, e o plano “realista” que resulta das suas observações.

Então, é bem legal, mas, como é que eu vou me beneficiar disso se estou desempregada e tudo o que eu tenho, nesse momento, é tempo de sobra? (rs)

Ou seja, simplesmente não sei o que fazer! Invento um monte de atividades, e o plano ideal de estudos, simplesmente para cumprir a tarefa designada? Ignoro a tarefa, fico “na miúda” e deixo por isso mesmo? Explico, novamente, à tutora que não vou fazer porque, no meu caso, não faz o menor sentido, ainda que considere o exercício extremamente válido para quem, de fato, tem a vida atribulada e poderá se beneficiar com esse estudo? E o que ela vai achar dessa minha nova inserção: que eu estou sendo franca ou simplesmente insubordinada?

Como diz o velho ditado, acho que eu estou num mato sem cachorro! ;-)

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