O primeiro núcleo de disciplinas dos três cursos de Artes a distância da UnB (Artes Visuais, Teatro e Música) é comum. No entanto, a partir do segundo semestre, começaremos a cursar disciplinas relativas às especificidades de cada área de formação.
Fomos convidamos pelos tutores a compartilhar os nossos olhares a respeito do “Projeto Político Pedagógico de Licenciatura em Artes Visuais, Teatro e Música”, levantando dúvidas e indagações, para aprofundar a discussão sobre as concepções que perpassam a construção do Curso de Licenciatura em Artes. Essas reflexões seguem abaixo:
1. Possibilidades, limitações e potenciais dos pólos
Proposta: uma discussão sobre as possibilidades de desenvolvimento de projetos de arte e cultura nos pólos presenciais, que sejam relevantes para a vida dos pólos, e das comunidades locais.
Resposta: acho que é de fundamental importância o aproveitamento pleno dos pólos da UAB. Afinal, se tratam de equipamentos públicos, bem equipados, onde foram feitos altos investimentos, portanto, não deveriam funcionar apenas como apoio à modalidade EaD. Além disso, sob o ponto de vista dos alunos, acredito que façamos parte de um grupo privilegiado por estarmos tendo acesso ao ensino superior público de instituições do nível da UnB, portanto, é quase como se fosse uma obrigação moral nossa agirmos como multiplicadores do conhecimento ao qual temos acesso.
É claro que, à medida que o curso avançar, essa transferência será cada vez mais proveitosa para as comunidades locais. As possibilidades são infinitas: inclusão digital, aulas profissionalizantes, ações comunitárias pontuais ou permanentes que beneficiem diferentes grupos ou instituições locais - apenas para citar algumas. Além disso, como Cristina salientou, muitos alunos já são produtores de arte (pintores, escultores, atores, etc.) e poderiam fazer exposições, levar peças teatrais, enfim, seria uma democratização da cultura para as pessoas que não têm acesso e, também, uma maneira desses artistas divulgarem seu trabalho na cidade.
Falando especificamente de Itapetininga, creio que o pólo poderia – e deveria - se transformar num importante centro cultural para toda a região que, com exceção de Sorocaba e Tatuí, não oferece muito em termos de arte e cultura. A cidade de Itapetininga possui mais de 130 mil habitantes, uma população considerável, entretanto, com pouquíssimas opções de cultura e lazer, especialmente para as camadas mais pobres. Apenas recentemente se instalou aqui o teatro do SESI, não há muitas salas de cinema (exceto as do shopping, cujos ingressos não são acessíveis à maior parte da população), museus e galerias de arte, então, nem se fala! Apenas na música ainda existe uma oferta um pouco maior, mesmo assim, muitos shows são pagos, o que, novamente, exclui o acesso de muita gente.
3. Curso de Licenciatura em Artes Visuais
Proposta: discutir neste tópico as questões relacionadas com o curso de Licenciatura em Artes Visuais. Participar com comentários e indagações.
Resposta: estamos tendo uma discussão sobre o PPP - Projeto político-pedagógico do nosso curso. Além dele, estamos analisando um documento do MEC: Orientações Curriculares para o Ensino Médio.
Ambos são documentos interessantes, pois foram concebidos para contemplar todos os aspectos do ensino da arte no Brasil contemporâneo e da formação básica dos arte-educadores, que serão os responsáveis pela difusão e melhoria da qualidade do ensino de arte no país. Porém, guardadas as devidas proporções, quanto do exposto, em ambos os documentos, poderá ser realmente implementado, tal qual concebido teoricamente?
A grande maioria das escolas públicas está em condições deploráveis. Não há recursos, não há incentivo de parte alguma, muitas vezes, existe apenas o idealismo do educador, que passa por cima de todas as dificuldades, fazendo do nada o tudo, para manter uma escola em funcionamento. São escolas de lata, feitas de taipa, com paredes de isopor, e até sem paredes. Nessas condições, é factível a proposta do OCEM?
E quanto ao nosso currículo específico, de Licenciatura em Artes Visuais, a UnB/UAB conseguirá cumprir fielmente com as proposições feitas no PPP? Isso só será respondido no decorrer dos próximos 4 anos e, quanto ao ensino público, cada um de nós também terá uma resposta.
Saindo um pouco da discussão conceitual, e focando nos aspectos práticos, desde já, percebo que algumas coisas não estão acontecendo como o previsto no PPP: por exemplo, na página 8 (item 2.4.4. - Descrição do material do curso) menciona-se uma série de materiais e recursos muito interessantes. O trecho diz que “(...) um conjunto de materiais será remetido aos alunos por correio, com alguns dias de antecedência ao previsto para o início de cada módulo”. Esse conjunto seria composto, entre outras coisas, de:
1. Guia de estudo: orientações específicas para o estudo e as atividades do aluno no módulo;
2. Caderno de atividades do aluno: atividades, exercícios individuais e em grupo, especificando quais tarefas devem ser enviadas aos tutores para acompanhamento e avaliação;
3. CD-ROM: com material adicional e facilidades de conexão.
Cadê? Nós, aqui de casa, não recebemos nada! E são materiais extremamente necessários, pois sinto que, às vezes, nós, alunos, ficamos meio perdidos nas atividades (prazos, forma de envio, etc.). Também não existe o tal “reminder de tarefas” a serem feitas, como mencionado no PPP (p. 10), ferramenta que facilitaria em muito o nosso acompanhamento de elaboração e entrega de tarefas, participação nos fóruns, etc. O volume de trabalhos é muito grande, são três disciplinas distintas, cada uma com a sua demanda específica, portanto, é natural que fiquemos meio perdidos no meio de tanta informação.
Outro fator que dificulta é o de ainda não estarmos totalmente familiarizados com a plataforma Moodle, pelo menos a maioria não está, pelos comentários que lemos nos fóruns. Eu mesma já falei aqui no meu Diário de Bordo do WIKI, que, se teoricamente é uma ferramenta ótima, na prática a sua interface é tudo, menos amigável! E olha que eu sou uma “fuçadora” de mão cheia - gosto de computadores e entendo de informática, mas, mesmo assim, muitas vezes apanho do Moodle. Imagino quem não tem muita intimidade com informática, então! Deve estar mais perdido que “cachorro em dia de mudança”... (rs).
Não quero ser a “chata de plantão”, só levantei esses pontos para demonstrar que, como dizem, “o papel aceita tudo”, ou seja: na teoria, a coisa funciona de um jeito e, na prática, a dinâmica é outra, por mais que se tenha boa-vontade, às vezes, o que era viável no planejamento não é factível na execução.
Ambos são documentos interessantes, pois foram concebidos para contemplar todos os aspectos do ensino da arte no Brasil contemporâneo e da formação básica dos arte-educadores, que serão os responsáveis pela difusão e melhoria da qualidade do ensino de arte no país. Porém, guardadas as devidas proporções, quanto do exposto, em ambos os documentos, poderá ser realmente implementado, tal qual concebido teoricamente?
A grande maioria das escolas públicas está em condições deploráveis. Não há recursos, não há incentivo de parte alguma, muitas vezes, existe apenas o idealismo do educador, que passa por cima de todas as dificuldades, fazendo do nada o tudo, para manter uma escola em funcionamento. São escolas de lata, feitas de taipa, com paredes de isopor, e até sem paredes. Nessas condições, é factível a proposta do OCEM?
E quanto ao nosso currículo específico, de Licenciatura em Artes Visuais, a UnB/UAB conseguirá cumprir fielmente com as proposições feitas no PPP? Isso só será respondido no decorrer dos próximos 4 anos e, quanto ao ensino público, cada um de nós também terá uma resposta.
Saindo um pouco da discussão conceitual, e focando nos aspectos práticos, desde já, percebo que algumas coisas não estão acontecendo como o previsto no PPP: por exemplo, na página 8 (item 2.4.4. - Descrição do material do curso) menciona-se uma série de materiais e recursos muito interessantes. O trecho diz que “(...) um conjunto de materiais será remetido aos alunos por correio, com alguns dias de antecedência ao previsto para o início de cada módulo”. Esse conjunto seria composto, entre outras coisas, de:
1. Guia de estudo: orientações específicas para o estudo e as atividades do aluno no módulo;
2. Caderno de atividades do aluno: atividades, exercícios individuais e em grupo, especificando quais tarefas devem ser enviadas aos tutores para acompanhamento e avaliação;
3. CD-ROM: com material adicional e facilidades de conexão.
Cadê? Nós, aqui de casa, não recebemos nada! E são materiais extremamente necessários, pois sinto que, às vezes, nós, alunos, ficamos meio perdidos nas atividades (prazos, forma de envio, etc.). Também não existe o tal “reminder de tarefas” a serem feitas, como mencionado no PPP (p. 10), ferramenta que facilitaria em muito o nosso acompanhamento de elaboração e entrega de tarefas, participação nos fóruns, etc. O volume de trabalhos é muito grande, são três disciplinas distintas, cada uma com a sua demanda específica, portanto, é natural que fiquemos meio perdidos no meio de tanta informação.
Outro fator que dificulta é o de ainda não estarmos totalmente familiarizados com a plataforma Moodle, pelo menos a maioria não está, pelos comentários que lemos nos fóruns. Eu mesma já falei aqui no meu Diário de Bordo do WIKI, que, se teoricamente é uma ferramenta ótima, na prática a sua interface é tudo, menos amigável! E olha que eu sou uma “fuçadora” de mão cheia - gosto de computadores e entendo de informática, mas, mesmo assim, muitas vezes apanho do Moodle. Imagino quem não tem muita intimidade com informática, então! Deve estar mais perdido que “cachorro em dia de mudança”... (rs).
Não quero ser a “chata de plantão”, só levantei esses pontos para demonstrar que, como dizem, “o papel aceita tudo”, ou seja: na teoria, a coisa funciona de um jeito e, na prática, a dinâmica é outra, por mais que se tenha boa-vontade, às vezes, o que era viável no planejamento não é factível na execução.
Ademais, eu resolvi o meu problema de acompanhamento de tarefas com uma planilha em Excel. Sei que pode parecer o cúmulo do “CDFismo” (rs) mas, já comentei nos fóruns que sou metódica e só funciono com muita organização. Então, ao invés de ficar em contemplação, tipo: “ah, que pena que não tem o reminder de tarefas” eu vou e faço um!
Fiz esse trabalho recentemente (no dia 21/11), mas já está sendo muito útil. Especialmente pelo fato de, em casa, sermos duas estudantes fazendo o mesmo curso, e de Nega estar trabalhando muito ultimamente, ela conta comigo para colocá-la em dia sobre as tarefas que estão pendentes, etc. Por isso, achei que essa planilha a auxiliaria também: é só checar para saber em que pé estão as coisas, o que já foi feito, o que foi feito, mas ainda não foi postado, etc. Olha a “carinha” da planilha aqui:
Fiz esse trabalho recentemente (no dia 21/11), mas já está sendo muito útil. Especialmente pelo fato de, em casa, sermos duas estudantes fazendo o mesmo curso, e de Nega estar trabalhando muito ultimamente, ela conta comigo para colocá-la em dia sobre as tarefas que estão pendentes, etc. Por isso, achei que essa planilha a auxiliaria também: é só checar para saber em que pé estão as coisas, o que já foi feito, o que foi feito, mas ainda não foi postado, etc. Olha a “carinha” da planilha aqui:
É claro que também existe um preço a se pagar pelo pioneirismo. A experiência de EaD é relativamente nova no Brasil, ainda está, por assim dizer, em estágio embrionário. Várias adequações terão de ser feitas e, quase sempre, é só no dia a dia que a necessidade de alterações de percurso se apresenta. É humanamente impossível se prever todas as variáveis porque elas são exatamente isso: variáveis. Fatores que escapam ao controle.
Por isso, não estou aqui apenas para criticar, até porque uma crítica nem sempre é algo desfavorável, como as pessoas tendem a encarar. Pode ser muito construtiva, também. Especialmente se não for uma crítica vazia.
Afinal de contas, eu estou aqui, cursando licenciatura em Artes Visuais na UnB, uma das melhores instituições de ensino superior do país, gratuitamente, algo que até a bem pouco tempo me parecia impossível. Por isso, eu aplaudo o projeto, com seus “prós e contras”, porque, se não é perfeito, a simples iniciativa de se fomentar a UAB já se constitui num passo gigantesco para a melhoria do ensino no Brasil.
4. O que é um currículo para formação em Artes?
Proposta: colocar as dúvidas, reflexões e indagações sobre a construção do currículo que é, sobretudo, coletiva.
a) Na sua opinião, o que é um currículo em Artes?
Um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que serão a base da formação dos arte-educadores e lhes possibilitará a transferência desses conhecimentos aos vários atores da sociedade brasileira, em especial os alunos do ensino básico, porém, não restrito a eles, já que a escola pode e deve beneficiar outros grupos, tais como: familiares, comunidades, etc.
b) Como é construído?
Segundo a Carta aos Professores, do documento Orientações Curriculares para o Ensino Médio (p. 5), o currículo para a formação em Artes foi elaborado a partir da discussão do Ministério da Educação (MEC) com as equipes técnicas dos Sistemas Estaduais de Educação, professores e alunos da rede pública e membros da comunidade acadêmica.
No caso específico do Arte-educador, o currículo levou em consideração propostas e reivindicações dos professores, formuladas em diversas instâncias de representação profissional, tais como: FAEB, ABEM e ABRACE.
c) Quais são as funções e finalidades dos nossos Currículos?
As funções são relativas à formação técnica do professor (conhecimento teórico e prático) que lhe possibilitará ministrar o ensino de Arte, bem como a sua formação psico-pedagógica.
A principal finalidade é a elevação da qualidade do ensino de Artes no âmbito da educação básica no Brasil.
d) O que é um currículo vivo?
Um currículo dinâmico, flexível, atento às novas linguagens e tecnologias disponíveis, e que se adapte às necessidades para uma boa formação dos professores e, conseqüentemente, dos alunos.
e) Como você percebe a organização das áreas e das disciplinas?
O currículo está dividido em 4 núcleos: Acesso ao Curso, Fundamentação, Aprofundamento e Formação Específica em Artes Visuais, e Conclusão do Curso. Estes núcleos estão subdivididos em módulos que atendem necessidades específicas para a transferência dos conhecimentos teóricos e práticos ao futuro licenciado.
1. Núcleo de Acesso ao Curso: seus módulos dão uma visão geral de como será o desenvolvimento dos 4 anos de graduação e instrumentaliza o aluno da UAB/UnB para a modalidade de Educação à Distância (EaD);
2. Núcleo de Fundamentação: visa garantir o desenvolvimento do futuro licenciado nas habilidades fundamentais que um professor deve possuir, a fim de garantir uma educação de qualidade aos alunos do ensino básico;
3. Núcleo de Aprofundamento e Formação Específica em Artes Visuais: o título é auto-explicativo; tem por objetivo a pesquisa e a prática – por meio da participação em laboratórios e ateliês - das diferentes linguagens artísticas, bem como a participação do aluno em projetos e estágios supervisionados, que possibilitarão a aplicação do conteúdo acadêmico adquirido no curso à prática profissional;
4. Núcleo de Conclusão do Curso: análise e avaliação do desenvolvimento do aluno da UAB/UnB, ou seja, nessa altura, o futuro licenciado em Artes deverá demonstrar a qualidade de sua apropriação dos conhecimentos com os quais teve contato durante os 4 anos de curso, a fim de que sua graduação possa contribuir para a elevação da qualidade do ensino básico no Brasil.
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